FMI anuncia previsão de números piores nas contas públicas do Brasil em 2024 e recomenda ao governo um esforço fiscal mais ambicioso
Em Foco
19/04/2024 - 11:08:00 | 3 minutos de leitura
O Fundo Monetário Internacional anunciou uma previsão de números piores nas contas públicas do Brasil em 2024, e recomendou que o governo brasileiro faça um esforço fiscal mais ambicioso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou, em Washington, ao lado do ministro da Economia da França, do ministro das Finanças do Quênia e da diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, do painel “Novos desafios na tributação internacional”. Na presidência do G20, o Brasil tem como prioridade apresentar uma proposta para taxar os super-ricos. Haddad afirmou que está trabalhando em uma declaração de apoio do grupo à proposta. Em outro evento, o FMI alertou que os países estão gastando demais e que as dívidas públicas aumentaram em todo o planeta. O fundou citou o Brasil como exemplo de uma das economias com endividamento alto que aprovam projetos de estabilização das contas. Mas o fundo estima que a dívida pública brasileira vai subir de 84,7% do Produto Interno Bruto - o conjunto de todos os bens e serviços produzidos pelo país em 2023 - para 86,7% em 2024. A estimativa é um pouco menor do que a apresentada no relatório anterior - que era de 90,3% do PIB. O FMI também aumentou a estimativa para o rombo nas contas públicas brasileiras. O fundo projetou que o déficit primário brasileiro vai ser de 0,6% do PIB em 2024 e de 0,3% em 2025. Ainda segundo o FMI, o superávit só deve ocorrer em 2027. Há seis meses, o fundo previa déficit de 0,2% para 2024 e um superávit de 0,2% para 2025.São expectativas piores do que as do governo brasileiro, que espera déficit zero para os dois anos. O FMI recomendou ao Brasil que faça um esforço fiscal mais ambicioso. O ministro da Fazenda brasileiro reconheceu que o controle das contas públicas é um desafio grande e ressaltou a importância de o FMI projetar que a dívida brasileira está se estabilizando em um patamar menor do que estimando anteriormente. "O mais importante do que essa trajetória é a trajetória da dívida. E o FMI começa a se aproximar de nossa trajetória da dívida. E a estabilidade da dívida pública depois da pandemia talvez seja das metas mais importantes que nós temos que perseguir. Porque é essa estabilidade que é que vai fazer com que nossas notas de crédito subam, como já subiram no ano passado. Depois de sete anos, foi a primeira vez que nós conseguimos uma nota de crédito melhor. E nós estamos confiantes que vamos continuar nesta escalada até voltar a ter um grau de investimento que pode ser, de novo, mais uma vez, um divisor de águas para os investimentos diretos estrangeiros no Brasil", disse Fernando Haddad.O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que: “A evidência do que vimos nos últimos dias nos mostra que o mercado ficou mais preocupado com relação ao fiscal (contas públicas), e qual vai ser o equilíbrio fiscal no futuro, com efeito no prêmio de risco, o que torna o trabalho mais difícil e custoso. Mas o problema é que a âncora fiscal (meta para contas públicas) e monetária (objetivos de inflação) são intimamente relacionados. Se perde credibilidade, ou se há mais questionamentos sobre a âncora fiscal, fica mais caro do outro lado”.
Fonte: Globo
Foto: Divulgação
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