Narcotraficantes brasileiros enviam cocaína pura à Europa pela África para evitar fiscalização mais rigorosa
11/09/2023 - 07:34:17 | 2 minutos de leitura
A mensagem no celular trazia a localização desejada exata: 09°56’37.79” N e 021°06’38.18” W. “Aqui dá pra ir”, respondeu o interlocutor. “Tá bom, irmão, quantos dias para chegar?”, perguntou o contratante. “Uns 15”. O diálogo entre um brasileiro acusado por tráfico internacional de drogas e seu encarregado da logística marítima foi interceptado pela Polícia Federal. As coordenadas geográficas dão em um ponto do Oceano Atlântico no Golfo da Guiné, a 300 km da costa africana. Segundo relatórios da PF obtidos pelo GLOBO, há “indícios concretos” de que a organização criminosa liderada por André Luiz Miranda do Nascimento, o Andrezão, enviou toneladas de cocaína por esse trajeto em setembro, após as tratativas. Era só uma remessa-teste para futuras empreitadas maiores, segundo o órgão.
— Este barco pesqueiro saiu de Itajaí, em Santa Catarina, carregou no Rio e foi em direção à África. Será que estava carregado de droga? Não dá para ter certeza. É como dizemos aqui: Avon [marca de cosméticos] é que não estavam vendendo — brincou Cléberson Alminhana, titular da Delegacia de Repressão a Drogas do Rio Grande do Sul, responsável pela investigação.
Na tentativa de driblar as autoridades, narcotraficantes brasileiros estão adotando a rota africana para enviar cocaína pura de países como Bolívia, Colômbia e Peru à Europa. Na costa de nações como Senegal, Serra Leoa e Guiné-Bissau, organizações criminosas fazem o transbordo da droga para navios menores para enviá-la ao continente europeu, segundo a PF. Dois meses após a primeira remessa, o grupo repetiu a operação, dessa vez sem sucesso. Em 30 de novembro passado, um navio da Marinha Francesa abordou a embarcação brasileira Peroá perto das mesmas coordenadas geográficas, perto de Serra Leoa. O barco pesqueiro de 21 metros levava 4,6 toneladas de cocaína em cerca de cem malas — o equivalente a quase R$ 800 milhões. A operação foi um trabalho conjunto da PF, da Drug Enforcement Administration (DEA), da Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol) e de autoridades francesas.
Fonte – G1/Foto: Europol
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